"Estar em silêncio em um tempo como esse é negar o Senhor, abandonar a fé e ceder ao inimigo." [Rushdoony]
quinta-feira, 10 de maio de 2018
O OCASO DA JUSTIÇA
O humanista do século XXI não tem base para defender um conceito de justiça. "Deus está morto", e com Ele estão a moral, a punição e a justiça. A "verdade" e a "moral" já não existem mais; elas nunca passaram de padrões de dominação de uma classe sobre as outras. Se há quem cometa crimes, eles o fazem por não terem recebido "educação" suficiente, ou suficientes condições materiais. Se esta é supostamente a raiz do problema, a solução também precisa ser necessariamente outra. Se o estado tem uma antropologia distinta da antropologia cristã, não reconhecendo, por exemplo, a realidade do pecado original e a responsabilidade humana, ele entenderá seu papel de forma igualmente distinta.
Como C.S. Lewis comentou em "The Humanitarian Theory of Punishment", o antigo conceito de punição foi substituído por um conceito de "reabilitação". A pena capital, outrora aplicável sem titubeios em qualquer país ocidental (e ainda hoje em vários outros países do mundo) em casos como o do goleiro Bruno, condenado por matar, esquartejar e esconder o corpo da ex-companheira, agora é vista como desnecessária, como uma espécie de vingança intolerável pelos habitantes daqueles países ditos civilizados, i.e., humanistas "pós-cristãos". A pena capital para crimes como o dele seriam exemplos de barbárie e primitivismo - e para o humanista, o único primitivismo bom é o primitivismo sexual. Os humanistas, é claro, julgam-se mais cristãos do que os cristãos e mais bondosos e compassivos do que o próprio Deus.
Lewis argumenta ainda que transgressões morais agora são vistas como "doenças", como reações indevidas que corrompem aquela natureza toda bondosa do homem. Os magistrados, portanto, tendem a fornecer terapias psicológicas ou "educação" no lugar de justiça e pagamento do débito para com a sociedade. Para o humanista, como diversas vezes nos alertou R. J. Rushdoony, a "educação" substituiu o papel do Espírito Santo. Levada a cabo, tal teoria conduz à lavagem cerebral sofrida por Alex, personagem do livro - e do filme homônimo - Laranja Mecânica, para corrigir seu comportamento.
Temos visto, consequentemente, a substituição de juízes por sociólogos e o crescimento vertiginoso do controle psicológico da população como medida preventiva e salutar.
Não é esta, porém, a natureza da função dada por Deus às autoridades civis. As autoridades detém um ministério de espada. Se a justiça não é cumprida, significa que a autoridade civil não está cumprindo sua obrigação para com Deus. O resultado disso será a proliferação da maldade e a progressiva desordenação social. Paulo escreveu isso em Romanos 13. É Novo Testamento.
O abandono do padrão bíblico produziu uma classe de criminosos profissionais. A Bíblia não dá guarida aos tais. Deus exigia que eles fossem retirados do meio do povo e sua punição serviria como medida educativa para os demais, para que "vissem e temessem". Algumas punições, portanto, têm um propósito que transcende o que um humanitarista é capaz de compreender.*
Contra a visão cristã verdadeiramente bíblica, os humanistas alegam que o verdadeiro cristianismo requer piedade, mas a Escritura requer piedade da vítima, não de assassinos.
Se abandonamos o nosso padrão, abandonamos o padrão pelo qual uma sociedade pode funcionar. A Lei de Deus foi dada para que a sociedade funcione conforme seu propósito inicial, reparando os efeitos da Queda. Sua aplicação não eliminará completamente os crimes, muito menos os pecados, mas evitará que cheguemos onde o Brasil chegou: ser conhecido como a nação mais violenta do mundo.
*Na igreja neotestamentária, os crimes puníveis na lei eram substituídos pela excomunhão, com o mesmo propósito, dada a situação da igreja sob a jurisdição romana.
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