"Estar em silêncio em um tempo como esse é negar o Senhor, abandonar a fé e ceder ao inimigo." [Rushdoony]
domingo, 13 de maio de 2018
KANT: O OPOSTO DA REFORMA
KANT: O OPOSTO DA REFORMA
Kant não só não pode ser considerado "o filósofo do protestantismo", como dizem muitos romanistas "conservadores", e como também o chamou o Pe. Paulo Ricardo (tão honesto sobre protestantismo quanto o Lula sobre qualquer assunto), como seu sistema deve ser considerado na verdade como o oposto do sistema das teologias luterana e reformada.
É o que explica Cornelius Van Til em "Pastor Reformado e o Pensamento Moderno".
1. Para salvar a ciência, Kant diz que a nossa razão interpreta o mundo mediante a própria atividade lógica, mas fora dela só há um ambiente de contingência não-interpretado. Ele deve, por isso, rejeitar conceitos como providência, milagres e regeneração pelo Espírito Santo.
2. Seria supostamente possível utilizar conceitos como graça, pecado, expiação, desde que estes conceitos não tivessem seu sentido tradicional. O sentido tradicional careceria de uma visão crítica da realidade, do conhecimento e da ética. A verdadeira religião "protestante" seria, para ele, fanática no ensino daqueles conceitos. Kant nega a autoridade da Escritura.
3. Para Kant, um ato moral só pode ser realizado em absoluta liberdade. Assim, Kant deve negar a Escritura quando ela diz que fomos criados bons. Nega a Criação conforme a Palavra de Deus. "O homem não será bom exceto em si mesmo e naquilo que estiver exclusivamente sob seu poder; o homem faz a si mesmo bom," conclui Van Til.
4. O mesmo se aplica quanto à origem do mal. Uma visão 'moral' do mal, deve negar uma origem temporal, que tem lugar na esfera fenomenal, onde Deus não poderia entrar. A ideia de Deus ter "comando" do homem para fazer o que é bom e para evitar o mal é imoral por atacar a liberdade autônoma do homem. Kant nega tanto a ideia de pecado original quanto a doutrina da Graça de Deus.
5. Para o alemão, a verdadeira religião moral é aquela onde cada um tem, autonomamente, de fazer o máximo que estiver em seu poder para se tornar uma pessoa melhor. A ideia de que Deus pode nos ajudar a sermos melhores seria uma forma inferior de religião, onde há esforços para achar-se favor.
6. Na religião moral de Kant, a igreja seria transformada e teria como única obrigação desenvolver os deveres humanos, abdicando de qualquer 'sectarismo', chegando a negar necessariamente a visão de que Cristo veio ao mundo para salvar seu povo do pecado através de sua vida, morte e ressurreição.
7. A expiação de Cristo para ele seria inaceitável, pois seria inaceitável que alguém, por seu próprio mérito, tomasse o lugar de outrem. Se a expiação fosse aceita, seria "fantástico mistério".
8. A eleição também seria uma doutrina imoral, pois pressupõe que alguém seria salvo sem o próprio mérito, negando o que ele entenderia por justiça divina. Tudo deve ser reinterpretado segundo "as regras práticas da razão pura".
Kant não rejeita apenas o racionalismo e o empirismo, mas todas as doutrinas reformadas, e o Deus e o Cristo da Reforma. Kant rejeita a Sola Scriptura, a Sola Gratia, o Solus Christus, a Sola Fide e a Soli Deo Gloria. Se há luteranos que louvam-no, é porque, como disse Ernst Troeltsch, alguns protestantes, com o desejo de agradar os modernos, gostam de bajular-se a si mesmos. É muito mais provável que Lutero, que chamava a razão (autônoma) de "prostituta do diabo", endereçasse a Kant alguns dos piores xingamentos de seu arsenal. E com justiça.
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Perfeito!
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