sábado, 28 de abril de 2018



A PERGUNTA REVOLUCIONÁRIA

Enquanto cristãos, cremos que Deus criou todas as coisas e a todas elas deu um fim específico segundo sua Vontade. Deus criou toda a realidade com sua diversidade, estrutura, coerência e ordenou-a um propósito. A pergunta que para mim foi revolucionária, levantada na obra de Cornelius Van Til, é: 

- Será que Deus também ordenou um meio adequado para interpretarmos a realidade?

Quando vamos à Escritura, vemos que a serpente tentou Eva afirmando que Deus era mentiroso. Aquilo que Eva e Adão pensavam de si mesmos era, em última instância, uma mentira criada por Deus porque, segundo a serpente, Deus não queria que eles "abrissem os olhos" e fossem "como Ele (Deus)". Para que isso fosse possível, seria necessário existir um mundo de ideias onde habitasse uma "verdade mais verdadeira" do que aquela ensinada por Deus aos nossos representantes federais (Adão e Eva), um mundo de ideias anterior a Deus. Eva deveria abdicar da interpretação dada por Deus e dar à realidade uma outra interpretação, baseada em um objeto da imaginação criado por sua razão autônoma a partir da sugestão da serpente. Nesta nova interpretação, Eva poderia ser uma deusa. Eva criou um objeto da própria imaginação que se realizaria no futuro. Eva adorou uma falsa imagem de si mesma; ela adorou aquilo que a própria imaginação criou. Isso necessariamente conduz a uma séria de consequências terríveis, como, por exemplo, uma nova forma de interpretação da história. Adão e Eva não eram criaturas de Deus criadas para serem regentes da criação para a Glória do Criador, mas eram criaturas "livres", autônomas, que poderiam evoluir até igualarem-se a Deus. Rejeitar a Palavra de Deus para a interpretação da realidade está na estrutura pela qual o Pecado Original foi possível.

Mas como não pode existir nada antes de Deus, ou superior a Deus, nem há em Deus opostos, pois tais opostos seriam coeternos e, por conseguinte, um deus mau e também eterno, Deus é necessariamente infalível. Como explica o fiel vantiliano R. J. Rushdoony nesta questão, a Palavra de Deus é a fonte da Verdade. Deus diz de Si: "Eu sou a Verdade" (Jo 14:6). Deus é a única fonte correta pela qual se interpretar a realidade. A Palavra de Deus é infalível, porque Deus é infalível. Ela é verdadeira; Deus afirma não mentir (Nm 23:9). A Palavra de Deus, como disse certa vez um professor, é parte da mente de Deus revelada aos homens. N'Ela Deus revela o que Ele pensa do homem, o que Deus pensa de Si mesmo e o que Deus planeja para o futuro, bem como o que Ele fez no passado e até mesmo aquilo que Ele decidiu na eternidade. (Ef 1:4)

Dessa forma, a verdadeira interpretação da realidade precisa das premissas dadas por Deus. O homem não pode interpretar que o homem é meramente um animal político, como Aristóteles fez, ou como uma máquina biológica, como fazem os behavioristas. Se Deus criou o ser do homem, seu propósito, seu significado, a verdade sobre o homem existe em plenitude apenas na mente de Deus.

Sola Scriptura é muito mais do que um conceito para a teologia; é a única saída possível para que haja conhecimento objetivo. Toda a metafísica cristã não pode ter uma visão sobre o início do conhecimento compartilhando a visão pagã a respeito do assunto. Cada epistemologia requer sua própria metafísica. Uma epistemologia não-cristã requer uma metafísica não cristã.

O ser do homem foi dado por Deus e deve ser interpretado a partir de Deus. Como Nancy Pearcey afirma, para Calvino, a metafísica deve vir da Palavra de Deus, porque Deus deu o ser do homem e criou todas as coisas. O que Deus pensa sobre a realidade é a Verdade sobre a realidade.


Esse é o único meio pelo qual podemos REALMENTE dizer que a Teologia é a Rainha das Ciências.

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