sábado, 3 de outubro de 2020

O ANTICRISTIANISMO ESSENCIAL DA MODERNIDADE E DO CONSERVADORISMO

A modernidade não se manisfesta apenas no anticristianismo explícito de sua revolta metafísica. Em outra de suas facetas, ela abre-se à transcendência, mas apenas de forma vaga. Deus pode até existir, mas é pouco o que podemos saber d'Ele. Só podemos saber d'Ele até onde permite nossa razão.

Esta abertura vaga ao transcendente é também um efeito de uma epistemologia moderna. O conhecimento é embasado na razão humana, simplesmente. Deus é uma "necessidade" e fonte de valor e beleza. Tal abertura vê-se de várias formas na cultura, desde estudos acadêmicos de religião comparada até livros espiritualistas de quinta categoria. No fim das contas, é negado aos cristãos o direito de defender as verdades cristãs como absolutas.

A Revelação bíblica é fundamental para o cristianismo. Negar a autoridade da Revelação, mesmo com a forma de um teísmo academicamente arrumadinho, é uma forma disfarçada de anticristianismo. Nega a autoridade da Palavra do Criador. Russell Kirk afirma que o conservadorismo não possui dogmas; e ridiculariza aqueles que chama de "biblicistas". Os biblicistas não são tão bons quanto os pensadores conservadores para os problemas da vida pública, da prática diária. O que Kirk entende por "pecado original" não é sequer tomista; é erasmiano. Ele explicitamente deseja limitar a influência do cristianismo na política, alegando que ela só pode produzir revoluções pobristas (influenciado pelo infame Voegelin).

O conservadorismo é um pensamento moderno. Edmund Burke estava alinhado com os iluministas de seu tempo. Conservadores parecem mais nominalistas do que gostariam de reconhecer. Alguns, quase que histericamente empiristas.  Conservadorismo não é necessariamente cristão em suas manifestações e não é cristão em sua essência. 

Fora isso, é útil para a compreensão do desenvolvimento histórico e vejo pontos de contato entre algumas meditações de T.S. Eliot e Herman Dooyeweerd. No caso de Scruton, a sensibilidade pela beleza é enriquecedora diante da sequidão da maior parte dos teólogos.


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