Em apenas quinze páginas Van Til fornece uma interpretação da apologética paulina que é impossível de ser julgada pela maior parte das pessoas. A tese defende que Paulo jamais submeteu sua apologética à sabedoria humana que os gregos buscavam (1 Cor 1:22) e que é essencialmente diferente da sabedoria de Deus, "porquanto a sabedoria deste mundo é loucura para Deus" (1 Cor 3:19). As duas pressuposições básicas são (1) a antropologia paulina [e vantiliana] e (2) as diferenças entre as duas cosmovisões. Ambas as pressuposições estão relacionadas.
Van Til defende que Paulo só distingue duas categorias gerais na humanidade: mantenedores do Pacto e quebradores do Pacto.
Os mantenedores do Pacto têm a epistemologia regenerada, com o princípio cristão de submissão à Palavra no coração de sua teoria do conhecimento; e os quebradores do Pacto, que rejeitam a Palavra e têm no coração as mais diversas manifestações do princípio não-cristão originado no Pecado Original.
Os quebradores do Pacto chegarão inevitavelmente a uma cosmovisão internamente inconsistente e radicalmente (de "radical", "raiz") diferente da cosmovisão dos mantenedores do Pacto.
Primeiro, os gregos seriam ao mesmo tempo monistas e pluralistas, indo contra a diferenciação radical entre o Ser de Deus e os seres criados. O Motor Imóvel de Aristóteles, o ser supremo de Platão e quaisquer outras cosmovisões que parecem ter pontos de contato com o Deus cristão na verdade ignoram a ontologia bíblica radical.
Segundo, para os gregos, o universo é ultimamente misterioso, inqualificável, porquanto inconhecível, assim como a infinitude. Sendo criaturas finitas, os seres humanos só podem interpretar o universo finitamente.
Terceiro, a ideia de Revelação era estranha à mente grega, que tem no ser humano a autoridade final de sua própria experiência finita. A Revelação vem do infinito, que era inconhecível.
Quarto, a ressurreição, enquanto vista como curiosidade possível no universo, era para eles tolice como apresentada pelo apóstolo. A ressurreição talvez fosse um passo evolutivo neste universo misterioso. Mas Paulo não pregou uma curiosidade para mentes naturalistas e imanentistas; pregou, antes a crucificação do Verbo encarnado que criou o mundo e é majestade sobre a humanidade. Para Van Til, Paulo fez entre os atenienses o equivalente ao que ele fez em Listra, não aceitando que o Deus verdadeiro fosse confundido com o produto da "sabedoria" dos gregos, que também era vaidade. O apóstolo não apelou ao ser supremo de Platão ou ao Motor Imóvel de Aristóteles, mas ao "deus desconhecido"; e se o Deus verdadeiro era para eles desconhecido, e se a realidade era inconhecível, nenhuma sabedoria verdadeira lhes restava. A ressurreição não poderia ser interpretada imanentisticamente. Se para eles o universo é misterioso, eles deveriam admitir que toda a sua religião era vã. Mas o Deus verdadeiro, que é infinito e que tudo conhece, revelara a Si mesmo. Se a finitude era a desculpa para seu erro, o Deus verdadeiro resolveria o problema, fazendo de todo homem "inescusável".Se Paulo apelou aos poetas gregos, foi para que eles reinterpretassem aquelas palavras para aceitar o Deus verdadeiro.